O circo invisível de Tiago, um Chaplin que não provoca riso

O circo invisível de Tiago, um Chaplin que não provoca riso

Na manhã desta sexta-feira (28), o jovem Tiago encenava um guardador de carros no palco invisível montado diante da padaria Santa Cândida, na rua Maurício de Castilho.

Cheio de pantomimas, teatral, acenava, sob seu guarda-chuva encarnado, pra gente ir e voltar ao estacionar ou arrancar com o auto.
E, sem dizer palavra, apontava para o estômago, expressando fome.

Quando recebia um trocado, dobrava-se e ajoelhava-se no meio da via, deixando seu guarda-chuva ao lado, agradecendo como graça alcançada, exagerado.
Comportamento dramático de quem é dependente químico, que ele entretanto nega ser.

Pra comprovar sua tese, encaminha o dinheiro recebido para um café na padaria e logo retorna com um copo plástico regurgitando do conteúdo negro .
Você está tão magro, Tiago, que se bater um vento você vai voar, rapaz! Ele já está voando…

Pode ir pá, pode ir pá, pode ir pá. Tiago se expressa colorido na gíria.
Apesar de seu jeito picaresco e chapliniano, circense, não provoca o riso na gente.

Mas uma inquietação triste: como vamos contornar tão grave problema social humano?

O Tiago e sua “umbrella”, como ele mesmo diz: retrato de um mundo, de uma gente, de uma potência que vai minuto a minuto se esvaindo. Estamos nos enfraquecendo assim.

 

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