Despejo de escola de samba expõe disputa eleitoral Cristofaro versus Nomura

Despejo de escola de samba expõe disputa eleitoral Cristofaro versus Nomura

Espaço sob o viaduto Maria Maluf, que era utilizado pela escola de samba Brinco da Marquesa

A ação de “despejo” da escola de samba Brinco da Marquesa de área embaixo do viaduto Maria Maluf, realizada pela Subprefeitura Ipiranga no dia 17 de abril, está expondo uma briga de bastidores por votos. A batalha opõe o vereador Camilo Cristofaro (Avante) e o vereador Aurélio Nomura (PSDB). Os dois têm base eleitoral na região do Ipiranga.

Cristofaro é hoje quem tem predominância sobre a subprefeitura ipiranguista e estaria trabalhando há meses para estender sua influência também sobre a comunidade da Brinco da Marquesa , na Vila Brasilina.

Entretanto, Nomura é o político escolhido há nove anos pelos integrantes da escola para levar adiante as pautas da comunidade e por quem abertamente fazem campanha. O vereador tucano é inclusive “benemérito” da Brinco da Marquesa.

 

Atividade da bateria da escola de samba em julho de 2022

Integrantes da escola contam ter sido procurados por Cristofaro no ano passado, que pediu então apoio nas eleições 2022. O vereador do Avante liderou uma campanha pela eleição de Caio Luz e João Cury, ambos do MDB, para deputado estadual e federal fazendo uso inclusive da máquina pública da Subprefeituraipiranga O mote de Cristofaro era “eleger, pela primeira vez, dois deputados do Ipiranga”.

 

Os vereadores Camilo Cristofaro (Avante) e Aurélio Nomura (PSDB) / Fotos Câmara Municipal de São Paulo

 

O Ipiranga22 chegou a presenciar uma dessas reuniões de apoio aos candidatos, com participação do subprefeito ipiranguista, Adinilson Almeida, do gabinete local e de lideranças alinhadas com Cristofaro.

Com a negativa ao vereador do Avante, uma retaliação teria sido iniciada. “Estamos há nove meses sendo perseguidos pelo Camilo (Cristofaro)”, acusa Thais Cimiliano, vice-presidente de Carnaval da Brinco da Marquesa e integrante da entidade ipiranguista Gamf (Grupo de Amigos Mundo Feliz), que mantinha parceria social e cultural com a escola e para ela cedeu o espaço embaixo do viaduto Maria Maluf.

“Como a gente não apoiou o Camilo, ele acabou usando o Gamf para nos atingir.”

Foi com essa parceria que a @subprefeituraipiranga justificou a cassação da autorização de uso da área pelo Gamf. A subprefeitura disse ver nesse uso “desvio de finalidade e má conservação da área pública utilizada”.

O Gamf ocupava o baixo do viaduto desde o segundo semestre de 2022 e realizava ali atividades sociais, educacionais e esportivas, algumas delas em parceria com a Brinco da Marquesa. Uma dessas ações com apoio da escola era a distribuição de cestas básicas e de fraldas para famílias pobres da região.

O que diz o Gamf

“Estamos muito sensibilizados com toda essa situação. O Gamf é uma entidade que se criou através da amizade de algumas famílias, com o objetivo de ajudar a comunidade”, explicou Thabata Queiroz, presidente do Gamf, lançado em janeiro de 2014.

“Com toda essa situação, os projetos planejados e atendimentos foram suspensos e isso nos deixa muito preocupados e tristes. Mas estamos esperançosos que logo possamos voltar a nossas ações em atendimento e futuras planejadas.”

 

Ações organizadas pela escola de samba Brinco da Marquesa

 

Acontece que uma determinação do Ministério Público Estadual de SP estabelece a proibição da ocupação irregular de escolas de samba embaixo de viadutos exatamente para evitar riscos à segurança das pessoas, como de incêndio. Estava proibido, então, o depósito de materiais inflamáveis nos baixos, como fantasias.

A escola alega que não mais utilizava o espaço como barracão (oficina e depósito), mas apenas como local de ensaios, de ações sociais e artísticas, não havendo riscos à segurança de seus integrantes e demais presentes.

Em visita ao local nesta sexta-feira (28), o Ipiranga22 constatou outro desvio de finalidade da ação, agora da subprefeitura: a porta que guardava o local ocupado pela escola foi arrombada e pessoas não identificadas estão usando agora seu interior para atividades nada legais. Risco de segurança.

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